O problema do apego aos bens materiais

Quando falamos sobre o desapego aos bens terrenos, cria-se a equivocada idéia de que este é um assunto somente para os ricos, para as pessoas de grandes posses. Todavia o assunto está muito mais próximo de nós do que nós imaginamos.

O dinheiro, os bens materiais e todos os recursos dos quais dispomos não passam de ferramentas para utilizarmos em nossa vida, para que possamos atingir nossos objetivos de desenvolvimento espiritual e de auxílio ao próximo.

Tendemos a pensar que somente o rico pode falhar no uso dos bens materiais, pois ele os tem de sobra. Quando na verdade, até mesmo aqueles que tem muito pouco podem estar fazendo mal uso deste pouco que tem.

Imaginemos um pai de família que ganha um salário baixo que chega a ser insuficiente para sustentar a sua família com dignidade. Este mesmo pai de família vai ao bar e gasta a maior parte deste pouco dinheiro que tem com bebidas e outros vícios. Não está ele fazendo um mal uso dos bens materiais que possui?

Não é somente no supérfluo que está o mal uso. É em tudo aquilo onde não houver um uso consciente, e principalmente onde houver apego.

O apego aos bens terrenos é um grande mal da humanidade, agravado nas últimas décadas devido à grande valorização que a mídia dá para quem tem fortuna, idolatrando pessoas de moralidade duvidosa somente por serem muito ricos, poderosos e famosos.

Com essa idéia errada de que só quem tem dinheiro, fama e poder é feliz, nós em nossa ignorância desperdiçamos nossas vidas inteiras correndo atrás dos objetivos errados, pensando que se tivermos essas coisas seremos felizes.

Convenientemente fechamos os olhos quando vemos que mesmo aqueles que possuem muito dinheiro, poder e fama também sofrem de infelicidade, caindo em depressão, usando drogas e até mesmo suicidando-se. Ora, se o dinheiro a chave da felicidade, como poderiam eles estar infelizes? Algo está errado nesse raciocínio.

E nessa ânsia de tentar preencher o nosso vazio interior com os bens materiais, vamos desenvolvendo uma série de transtornos, como por exemplo a compulsão por compras e o vício da acumulação. Este último estando muitíssimo atrelado ao apego.

Os acumuladores possuem um apego tão grande aos bens materiais que simplesmente não conseguem se desfazer de nada, com a desculpa de que podem "precisar disso mais tarde". No entanto muitos há que acumulam até mesmo lixo, coisas estragadas e coisas inúteis.

O simples pensamento de descartar qualquer um dos itens de sua "coleção" lhes causa grande angústia e sofrimento, mesmo que seja uma camisa velha e furada.

Precisamos corrigir nossa mentalidade, entendendo que as coisas materiais são apenas ferramentas, instrumentos para a nossa jornada terrestre. Não são capazes de trazer felicidade, por mais que possam trazer conforto e diversão. Perecíveis como são, nada mais poderiam fornecer do que simples emoções que se esvaem em um piscar de olhos.

Mas nós não somos perecíveis. Somos espíritos imortais, que continuaremos existindo mesmo depois que o Sistema Solar não existir mais. E sendo seres que não são feitos de matéria, não será na matéria que encontraremos a felicidade, mas sim em tudo aquilo que enriquece o espírito: no desenvolvimento das virtudes, no amor ao próximo e na paz interior.

Não nos enganemos, por mais atrativos que os bens terrenos nos pareçam, por mais que exerçam uma grande cobiça em nossos corações, não são eles o objetivo nem o fim de aqui estarmos.

Trabalhemos em nosso desenvolvimento interior, nas nossas virtudes e na prática do bem e do amor ao próximo, pois é somente esse o único caminho para a felicidade plena.

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