A doação mais nobre: dar algo de si mesmo

 Sempre que falamos em doação, é difícil não lembrarmos da história do Óbolo da Viúva.

Nesta curta, porém profunda, reflexão feita por Jesus, há um amplo conhecimento, o qual entraremos em detalhes após o texto:

"E estando Jesus assentado defronte donde era o gazofilácio, observava ele de que modo deixava o povo ali o dinheiro; e muitos, que eram ricos, deixavam com mão larga. E tendo chegado uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, que importavam um real. E convocando seus discípulos, lhes disse: Na verdade vos digo, que mais deixou esta pobre viúva do que todos os outros que deixaram no gazofilácio. Porque todos os outros deixaram do que tinham na sua abundância; porém esta deixou da sua mesma indulgência tudo o que tinha, e tudo o que lhe restava para seu sustento. (Marcos, XII: 41-44 – Lucas, XXI: 1-4)."

Enquanto todas as pessoas que ali passavam faziam doações à partir de seu excedente, a viúva ali passando, deu todo o pouco dinheiro que possuía. Jesus, observando a situação, destacou que embora o valor material de sua doação fosse modesto, a doação da viúva foi a maior do que a de todos os outros.

Quando falamos em doações, logo todos pensamos em dinheiro. E quando pensamos em fazer uma doação em dinheiro, sempre pensamos naquelas moedas que estão rolando em algum lugar. Isso é dar do que sobra.

Mas é um equívoco pensarmos dessa forma. Pois nos enganamos ao pensar que toda a doação precisa ser feita com dinheiro. E nos enganamos novamente ao pensar que toda a doação precisa ser das "sobras".

Também não podemos pensar que Jesus está nos dizendo que deveríamos dar todo o nosso dinheiro aos pobres, pois assim estaríamos nós nos tornando um peso para a sociedade, criando mais problemas em vez de solucioná-los.

É importante entender que os espíritos mais evoluídos dominam a arte de falar muitas coisas em poucas palavras. Não é à toa que os maiores sábios da humanidade sempre foram concisos em sua fala, e mesmo assim quanto mais se estuda seus ensinamentos, mais e mais se compreende nas inúmeras camadas de conhecimento ali sobrepostas.

Jesus, ao fazer menção ao óbolo da viúva, estava destacando que aquela mulher pobre estava dando algo de si própria. Não suas "sobras", mas sim que estava abdicando daquele poder monetário, que seria utilizado para outra finalidade, em prol de uma pessoa mais necessitada.

Fazendo um paralelo, seria como se todos os finais de semana, nós fôssemos até a praia e passássemos o final de semana comendo churrasco. Porém um dia para ajudar uma campanha de arrecadações, abdicássemos de ir à praia no final de semana seguinte em prol de doar uma ou duas cestas básicas.

Ou ainda, se tivéssemos separado o dinheiro para comprar um sapato novo neste mês, mas abríssemos mão desse valor para comprar cobertores para a campanha do agasalho, deixando para comprar o sapato novo em uma data futura quando novamente tivéssemos o dinheiro.

Isso é dar de si. Isso é abrir mão de algo em prol do próximo. Isso é o óbolo da viúva.

Jesus nunca pregou que déssemos tudo o que temos e vivêssemos uma vida monástica. Isso faria mal para as nações, pois sem consumo não há empregos, e sem empregos há mais miséria. E na única ocasião em que mencionou isso, Jesus o fez na forma de teste, para o rapaz que desejava segui-lo mas não havia ainda se desprendido do apego aos bens materiais.

Seus ensinamentos sempre foram de que vivêssemos em fraternidade, de que nos colocássemos no lugar do outro, tratando o outro como gostaríamos de ser tratados. Colocando sempre o amor e a caridade em primeiro lugar em nossas vidas.

Quando estamos dando algo de nós mesmos, estamos expressando o nosso amor por aquele irmão que necessita de amparo naquele momento. Estamos direcionando a ele um recurso que seria utilizado por nós, mas que será ainda mais benéfico na mão do outro.

E aqui não estamos falando somente de dinheiro ou de bens materiais. Todos nós temos algo para doar ao próximo, nas inúmeras ocasiões do dia-a-dia.

Podemos doar o nosso conhecimento, dedicando-nos a ensinar aqueles que sabem menos. Podemos utilizar de nossa experiência para auxiliar pessoas que estão passando por situações difíceis pela primeira vez. Podemos fazer um favor ao próximo que para nós será simples, mas que para o outro terá um grande significado. Podemos simplesmente dedicar uma porção do nosso tempo para ouvir uma pessoa que está precisando desabafar.

Há tanto que podemos doar, e nada disso necessita de dinheiro!

Muitas vezes, a simples e sincera dedicação de amor e de atenção ao próximo é um ato de caridade muito maior do que o gesto em si. Tantas pessoas são carentes de amor, de atenção, de carinho, de afeto, que o simples ato de trocarmos uma lâmpada com um sorriso no rosto pode mudar o dia daquela pessoa.

Mas para isso, é preciso doar de nós mesmos. E não ficar apenas dando os "restos" para os outros.

Aliás, fica um ótimo tema para reflexão: O que temos oferecido ao próximo? Algo genuíno ou somente "restos"? E se estivéssemos no lugar do outro, o que gostaríamos de receber?

Eis aí amados leitores, nessas poucas linhas, um breve resumo do que Jesus ensinava ao dizer que a viúva, com suas duas moedas, havia doado mais do que todos os outros que por ali passaram.

Que possamos todos nós encontrarmos (e doarmos) também as nossas duas moedas!


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