Suicídio parcelado - será que você não está cometendo?

 Muito se debate sobre o suicídio e suas implicações. Acredito que a maioria dos leitores deste blog já estejam familiarizados com o tema. Mas para os que ainda não estejam, vamos sintetizar o assunto:

Ninguém, a não ser Deus, possui o direito de encerrar uma vida, seja a de terceiros ou a sua própria. Porque somente Deus dá a vida, e cabe somente a ele colocá-la um fim, quando ele próprio julgar mais adequado.

Talvez você neste momento esteja pensando "ah, a vida acontece no encontro dos gametas, Deus não tem nada a ver com isso!". E se estiver pensando assim está equivocado. Pois antes mesmo que haja a matéria que hoje forma os seus corpos, Deus já criou os seus filhos, na forma de espírito imortal. A vida material é apenas uma fase na longa jornada de aprendizagem do espírito. Portanto quando se fala em vida, fala-se materialmente, pois o espírito sendo imortal, já é vivo. 

A união dos gametas é necessária sim, para a formação de um corpo físico. Mas esse corpo físico jamais manifestará vida sem um espírito. E quem cria o espírito? Deus. E quem une este espírito ao embrião em formação? Deus. Repito, não há vida sem espírito, pois o espírito é que contém a chama da vida em si próprio. E sendo assim, somente pode haver vida quando Deus o permite. Justamente por isso, encerrar uma vida é uma ofensa grave aos desígnios de Deus.

Todo aquele que põe fim em uma vida, responderá - cedo ou tarde - por esse gravíssimo crime. E dentre estes há os homicidas, aqueles que põem fim a vida de outrem, e os suicidas, aqueles que põem fim a sua própria vida.

Comumente, quando se fala em suicídio, pensa-se logo em uma pessoa que age de forma brusca, agindo decididamente e permanentemente em seu objetivo. Porém há um outro tipo de suicídio que passa despercebido: o suicídio parcelado (ou suicídio a longo prazo).

Este ocorre quando uma pessoa, através de seus maus hábitos, vai gradualmente antecipando sua morte física, enfraquecendo voluntariamente cada vez mais seu corpo físico, até que o mesmo pereça.

Podemos incluir nesta lista todos os tipos de vícios relacionados a substâncias (cigarro, álcool e drogas ilícitas) e também aqueles vícios e comportamentos que colocam a pessoa em constante perigo (vício em adrenalina, direção perigosa, negligência ao realizar tarefas de risco). Também podemos incluir a negligência em zelar por sua própria vida (como negar-se a fazer adequadamente um tratamento de saúde, ou agir de forma contrária às instruções médicas, bem como a negligência com a sua própria saúde como um todo).

Como bem ilustrado em O Livros dos Espíritos:

"952. O homem que perece como vítima do abuso das paixões que, como o sabe, deve abreviar o seu fim mas às quais não tem mais o poder de resistir, porque o hábito as transformou em verdadeiras necessidades físicas, comete um suicídio?

      — E um suicídio moral. Não compreendeis que o homem, neste caso, é duplamente culpado? Há nele falta de coragem e animalidade. Juntamente com isso, há o seu esquecimento de Deus."

"952 – a) É mais ou menos culpado do que aquele que corta a sua vida por desespero?

      — É mais culpado porque teve tempo de raciocinar sobre o seu suicídio. Naquele que o comete instantaneamente há, às vezes, uma espécie de desvario que se aproxima da loucura; o outro será muito mais punido, porque as penas são sempre proporcionadas à consciência que se tenha das faltas cometidas."

 

Consequências:

 Para toda ação contrária às leis de Deus, há sempre uma necessidade de expiação. E essa expiação se dá em maior ou menor grau, porém sempre de forma proporcional à falta cometida. Sendo o suicídio uma das maiores violações das Leis Divinas, sua penalidade carregará um grande peso para aquele que o cometer.

Como em todos os casos, há sempre fatores atenuantes e fatores agravantes. Os fatores atenuantes são aqueles em que tornam o transgressor menos culpado. Aqui podemos incluir as pessoas que são induzidas ao ato por terceiros, ou mesmo aquelas que não dispondo totalmente de suas faculdades mentais, não possuem total clareza de raciocínio sobre suas ações.

Já nos fatores agravantes, podemos citar o prévio conhecimento das consequências de seus atos (como mencionado acima, na questão 952 de O Livro dos Espíritos), bem como agir de forma planejada para cometer tal ato voluntariamente.

"957. Quais são, em geral, as conseqüências do suicídio sobre o estado do Espírito?

      — As conseqüências do suicídio são as mais diversas. Não há penalidades fixadas e em todos os casos elas são sempre relativas às causas que o produziram. Mas uma conseqüência a que o suicida não pode escapar é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos, dependendo das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros numa nova existência, que será pior que aquela cujo curso interromperam."

 

Então, amados irmãos, precisamos sempre refletir: será que na nossa forma de agir, não estamos cometendo um suicídio parcelado? Será que nossa conduta está condizente com as Leis de Deus, ou estamos indo no caminho contrário?

Não importam quais sejam as dificuldades de nossa vida, precisamos ter a força para vencer todas as provas que a vida nos apresenta. Estamos aqui para aprender, para crescer e para evoluir. Fugir das provas apenas irá impedir esse crescimento.

E quando não tenho forças? O que fazer?

A força justamente reside na fé em Deus e no nosso comprometimento em nos tornarmos pessoas melhores. Sempre que nos sentirmos fracos, através da oração simples e sincera podemos nos conectar com o Criador e rogar por forças, paciência e sabedoria para suportarmos todas as adversidades.

Uma coisa deve sempre estar bem clara: não há mal que dure para sempre. E digo mais, muitas vezes os males duram somente o tempo necessário para o nosso crescimento.

Então, amados irmãos, em vez de postergar o nosso crescimento e agir contra as leis de Deus, vamos nos fortalecer e com coragem enfrentar todos os desafios. Peguemos todas as pedras que encontrarmos pelo caminho para construir uma escada que nos levará a planos mais altos!

Só depende de nós!

Eu já comecei, e você? Corre que ainda dá tempo!

O melhor dia para começar é sempre hoje!

 

Leitura complementar:

Capítulo de O Livro dos Espíritos que trata sobre o suicídio (questões de 943 a 957)