Fatores que atrasam a sua evolução espiritual - Parte 5: Apego

Continuando a nossa série sobre os fatores que atrasam a nossa evolução espiritual, hoje falaremos sobre as crenças limitantes.

Veja os textos anteriores:
- Parte 1: Visão Geral
- Parte 2: O orgulho
- Parte 3: O egoísmo
- Parte 4: Crenças limitantes

 O apego

 O apego é uma força aprisionante, que nos acorrenta a determinadas coisas e nos impede de seguir em frente. E o pior de tudo, nós que nos aprisionamos por vontade própria!

Podemos ter apego à muitas coisas, entre elas:

- Pessoas
- Bens materiais
- Situações
- Épocas
- Idéias
- Crenças limitantes
- À nossa própria personalidade
 Etc.

O apego é então esse desejo de não deixarmos as coisas irem embora, mesmo que o seu tempo já tenha passado e essas coisas agora nos façam mal.

Podemos citar por exemplo os relacionamentos que não funcionam mais e que mesmo assim as pessoas permanecem nele, apesar de todo o sofrimento diário, por puro apego à relação e a à outra pessoa. Podendo ir além, quando as pessoas temem a separação por receio de perderem seus bens e/ou seus benefícios.

Podemos citar também os casos onde decidimos viver no passado, num saudosismo nocivo, onde não aceitamos que os tempos mudaram e que não são mais como antigamente. E enquanto o mundo avança ficamos perdidos em um vazio onde não nos encaixamos no presente e nem conseguimos voltar completamente ao passado.

Mais um exemplo seria no tangente ao conjunto de idéias, principalmente às crenças limitantes. Às vezes nos agarramos com tanta força às nossas "verdades pessoais" que as colocamos em um altar, intocáveis e inquestionáveis. Ora, se algo é a verdade, sobreviverá a qualquer contestação. Porque temer? E neste temor, impregnamo-nos não só de idéias errôneas como também de crenças limitantes, que como mencionado no texto anterior, nos impedem de explorar novas possibilidades.

Podemos até mencionar a compulsão dos acumuladores, que não conseguem jogar fora as coisas materiais. Muitos deles acumulam até mesmo lixo, tamanho o distúrbio no campo do apego.

O ponto onde queremos chegar é: o apego nos impede de transformar as nossas vidas.

Como construirei um "novo-eu" se não consigo abandonar o "velho-eu"?

Não teremos espaço para as coisas novas enquanto mantivermos as coisas velhas em nossas vidas.

"Nan-in, um mestre japonês, recebeu um professor universitário que o visitou para fazer perguntas sobre o Zen. O professor estava cheio de idéias, e fazia muitas perguntas. Nan-in serviu o chá. Ele encheu completamente a xícara de seu visitante e depois continuou a servir mais chá nela. O professor observou o derramamento de chá até não poder mais se controlar.
- Já está derramando! Não cabe mais nada! - Falou o professor.
- Como esta xícara - disse Nan-in - Você está cheio de suas própria opiniões e especulações. Como posso lhe mostrar o Zen a menos que você primeiro esvazie sua xícara?
"

Nada irá mudar se não deixarmos o passado para trás e começarmos a escrever agora mesmo um novo futuro.

Apego e mudança são completamente incompatíveis.

E como irei evoluir sem mudar? Não há como!

Muitas vezes gostamos de dizer que temos mente aberta, que vivemos a vida com leveza, que estamos abertos e receptivos para o que a vida tem para nos dar. Mas será que é verdade mesmo? Será que estamos dispostos mesmo a deixar as coisas para trás e seguir por um novo caminho?

Isso me lembra desta passagem do Evangelho:

"2 – E eis que, chegando-se a ele um, lhe disse: Bom Mestre, que obras boas devo eu fazer, para alcançar a vida eterna? Jesus lhe respondeu: [...] Não cometerás homicídio; não adulterarás; não cometerás furto; não dirás falso testemunho; Honra a teu pai e a tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo. O mancebo lhe disse: Eu tenho guardado tudo isso desde a minha mocidade; que é que me falta ainda? Jesus lhe respondeu: Queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me. O mancebo, porém, como ouviu esta palavra, retirou-se triste; porque tinha muitos bens. E Jesus disse aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificultosamente entrará no Reino dos Céus. Ainda vos digo mais: que mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no Reino dos Céus. (Mateus, XIX: 16-24 – Lucas, XVII: 18-25 – Marcos, X: 17-25)."

Aquele rapaz queria uma vida nova. Queria seguir ao Mestre. Mas não teve a força necessária para se desapegar de seus bens e da vida que tinha.

E assim nós também somos como esse rapaz, quando desejamos trilhar o caminho do bem, mas sem nos desapegar de nossas falhas morais, de nossos vícios, de nossa auto-imagem orgulhosa, e de tudo aquilo que nos mantém atrasados em nossa evolução espiritual, e por consequência, em sofrimento.

Portanto, é essencial que tenhamos consciência disto, para que possamos olhar para dentro de nós e ver além dos enganos que o orgulho e o apego nos apresentam. Precisamos nos ver tal qual somos, e ter a coragem de abandonar tudo aquilo que é ruim, mesmo que gostemos muito.

"E se o teu olho direito te serve de escândalo, arranca-o e lança-o fora de ti; porque melhor te é que se perca um de teus membros, do que todo o teu corpo ser lançado no inferno. E se a tua mão direita te serve de escândalo, corta-a e lança-a fora de ti; porque melhor te é que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno. (Mateus, V: 29-30)."

E assim, amados leitores, pudemos analisar os efeitos nocivos do apego. Que possamos de agora em diante combatê-lo em nossas vidas.

O melhor momento para começar é sempre agora.


Todos os textos da série Fatores que atrasam a sua evolução espiritual:
- Parte 1: Visão Geral
- Parte 2: O orgulho
- Parte 3: O egoísmo
- Parte 4: Crenças limitantes
- Parte 5: Apego
- Parte 6: Preguiça de estudar
- Parte 7: Visão materialista
- Parte 8: Demais âncoras
 

Comentários

Posts mais visitados

O óbolo da viúva - a verdadeira caridade

Benefícios pagos com a ingratidão

10 coisas que aprendi com o Espiritismo

A felicidade que a prece proporciona

Convidar aos pobres e estropiados

Provas voluntárias e a verdadeira penitência

O perdão e a indulgência

Os tormentos voluntários

Pecado por pensamentos

Reflexão: O que realmente é importante?