Práticas exteriores versus mudanças interiores

 Amados leitores, já faz algum tempo em que eu queria trazer este tema para o blog.

Então, respirem fundo, relaxem, e vamos em mais uma jornada de reflexão e aprendizado.


Quem já teve algum contato com o Evangelho de Jesus, vai lembrar dos Fariseus.

Os Fariseus eram um grupo religioso daquela época. E quem tem boa memória vai lembrar que a conduta religiosa dos Fariseus era frequentemente criticada por Jesus. 

Mas vocês sabem o motivo?

Embora não se possa fazer generalizações e dizer que TODOS os fariseus eram desta ou daquela maneira, no que tange aos contemporâneos de Jesus, havia um grande grupo que sabia a religião na teoria, mas não a praticava em seu coração.

Ou seja, participavam de todos os rituais, seguiam todas as tradições, sabiam todos os textos sagrados, mas não eram tocados pela mensagem de mudança interior, à qual todas as religiões fazem um convite.

Em contrapartida, Jesus vinha trazer uma mensagem (e um exemplo) de uma religiosidade que acontecia dentro do coração de cada um, e sem se prender a rituais e atos exteriores. Jesus sempre foi muito simplista em relação às "práticas exteriores", com suas frases como: "Tua fé te curou", "Vá e não peques mais", "Deixa tudo que tens e me segue", "Onde estiverem dois ou mais reunidos em meu nome, ali eu estarei", e assim por diante.

Jesus nunca disse: "Ao meio-dia, ajoelhe-se virado para noroeste e peça a cura para Deus duzentas vezes". Porque esse não era o seu objetivo e nem a sua mensagem.

Jesus sempre focou o seu trabalho na parte interior, pois era justamente isso que faltava não só aos Fariseus, mas a todas as religiões da época.

Por vivermos em um mundo material, temos a tendência de acrescentar rituais e práticas exteriores às práticas espirituais, justamente por ser algo físico e tangível, ao contrário de uma abordagem mais interna e que se torna mais abstrata. As pessoas da época de Jesus não tinham acesso ao conhecimento que se tem hoje, nem sua inteligência era estimulada como a das pessoas dos últimos séculos. Para eles, toda e qualquer idéia abstrata era muito difícil de conceber.

Portanto, era natural que as pessoas associassem rituais e simbolismos para todas essas coisas. Jesus não era contra isso. O que Jesus combatia era a realização das práticas exteriores sem a ação interior. Jesus era rígido com os Fariseus, pois eles sendo os religiosos, deveriam dar o exemplo correto ao povo e guiá-los pelo caminho do bem.

Façamos agora uma breve reflexão. O que é mais agradável a Deus?

- Fazer uma procissão de 3 horas com os pés descalços ou ir durante 3 horas em um asilo conversar com os idosos?

- Ficar 3 dias em jejum meditando no alto da montanha ou ficar 3 dias amparando os necessitados em zonas de desastres naturais (enchentes, deslizamentos, etc)?

- Passar 1 hora de joelhos fazendo orações repetidas ou passar 1 hora ouvindo o desabafo de um irmão que está passando por momentos difíceis e o encorajando com palavras de esperança e incentivo?

- Ir toda semana na casa espírita dormir enquanto finge que assiste a palestra ou fazer um grupo de estudos (de estudos, não de soneca doutrinária) em casa com familiares e amigos?

Isso não significa que seja proibido fazer a procissão, ou fazer o jejum enquanto medita na montanha, ou fazer orações de joelhos ou dormir enquanto finge que assiste a palestra na casa espírita. O problema está quando, por termos realizado práticas exteriores, deixamos de realizar a mudança interior e a prática do bem.

As práticas exteriores podem ser um complemento, mas jamais o prato principal!!!

Da mesma forma que se eu for para academia, caminhar na esteira por 10 minutos e mexer no celular por outros 40 minutos, isso não mudará nem o meu físico e nem a minha saúde, realizar práticas exteriores por si só não vai me tornar mais virtuoso, e nem servir como "horas de trabalho a serviço do bem".

Senão seria muito fácil, bastaria criarmos templos gigantes, enfiarmos toda a população da Terra lá dentro para ser doutrinada, e em pouco tempo a humanidade teria dado um salto evolutivo!!! 

Quando botamos por essa perspectiva, fica fácil compreender que as práticas exteriores são vazias se não estiverem alimentadas pela mudança interior e pela prática do bem.

Portanto, amados irmãos, que possamos refletir e reavaliar se nossos atos estão cheios de comprometimento e de amor, ou se são somente simbolismos vazios que em nada acrescentam em nossa jornada de evolução interior e nem se refletem na prática da caridade amorosa e desinteressada.

 

Um grande abraço a todos e estejam sempre em paz!

 

Comentários

  1. Excelente reflexão, o que confirma ainda mais a ideia que já sabíamos que não existe religião certa. São apenas idiomas diferentes. A religião certa é a que produz mais cidadãos de bem.

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