Não é necessário ser um monge para seguir os ensinamentos do Cristo

Existe uma falsa idéia de que para seguir aos ensinamentos de Cristo é necessário ser um padre, monge, asceta ou qualquer coisa do tipo. Esse conceito se formou em tempos muito remotos e permanece até hoje.

Talvez essa idéia seja motivada por aquelas ocasiões em que Jesus dizia: "vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e segue-me". Mas se observarmos com a devida atenção, veremos que Jesus só usou dessa orientação para com aqueles que eram excessivamente apegados ao dinheiro e ao materialismo. Nada mais era do que um teste, para saber se aqueles aspirantes a seguidores realmente queriam segui-lo de coração, ou seja, se estariam dispostos a largar seus vícios e paixões.

Hoje, o Espiritismo nos faz refletir sobre todo esse legado deixado por Jesus, a fim de compreendermos quais eram as verdadeiras lições por trás das parábolas e dos exemplos que ele usava. Hoje conseguimos perceber que não é vendendo tudo o que temos e dando o dinheiro aos pobres é que seremos seguidores de Jesus.

Hoje sabemos que as atitudes exteriores não fazem a menor diferença. De que adianta uma pessoa livrar-se de tudo o que tem se em seu coração continuar cultivando a cobiça, a ganância e o apego? De que adianta orar de joelhos em um templo se o seu coração está cheio de ódio, mágoa, egoísmo e orgulho?

Não são os atos exteriores que tornam as pessoas seguidores do Cristo. Para seguir aos ensinamentos de Jesus é necessário que a mudança seja feita de dentro para fora, com pensamentos corretos, palavras corretas e atitudes corretas. Sendo imprescindível que as palavras e atitudes sejam coerentes com os pensamentos.

De que vale um homem que profere palavras santas se o seu coração é cheio de podridão? De que adianta saber os ensinamentos de cor se eles não forem postos em prática?

Por isso que Jesus já advertia: "reconhece-se a árvore por seus frutos. Uma árvore ruim não pode dar bons frutos, e uma árvore boa não pode dar maus frutos". Isso quer dizer: se conhecem as pessoas por suas atitudes.

E esta mesma frase nos é reforçada pelo Espiritismo: "Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações".

Portanto, não é necessário que sejamos padres, monges ou ascetas para seguir aos ensinamentos do Cristo. É necessário que nossos pensamentos, palavras e ações estejam de acordo com esses ensinamentos.

Quando vemos um homem de terno e gravata, logo pensamos: "é um homem digno". E se eu lhe dissesse que o seu coração está corroído pela maldade e o desejo de vingança?

Quando vemos um homem esfarrapado, logo pensamos: "é um vagabundo ou alguém de má vida". E se eu lhe dissesse que aquele homem esfarrapado faz o máximo de bem que pode com os seus poucos recursos?

Não se deve julgar uma pessoa pelo que ela aparenta ser. Assim como ser cristão não é algo baseado em aparências, mas em atitudes.

Sigamos pois o Cristianismo por seus ensinamentos, e tornemo-nos exemplos vivos deles. "Fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fosse feito e não fazer ao próximo o que não gostaríamos que nos fosse feito", "pagar o mal com o bem", "fazer o bem sem ostentação", "não julgar, se não quisermos ser julgados", "não servir a Deus e a Mamon" e todos os demais ensinamentos deixados podem ser praticados por toda e qualquer pessoa: um médico, um bancário, um pedreiro, um motorista, o presidente de uma empresa, um mendigo, etc.

Pois é necessário que esses ensinamentos estejam em prática dentro de nós, moldando nossa moral e nosso caráter. E isso, não precisa de representações exteriores. Conheceremos a boa árvore por seu fruto, e não por suas flores.

Ser um verdadeiro Cristão é ser um exemplo vivo da bondade, do amor, da humildade, da justiça, da benevolência e de todas as virtudes que existem.

"16 – “Nem todos os que me dizem Senhor, Senhor, entrarão no Reino dos Céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos Céus”. Escutai estas palavras do mestre, todos vós que repelis a doutrina espírita como obra do demônio! Abri os vossos ouvidos, pois chegou o momento de ouvir! Será suficiente trazer a libré do Senhor, para ser um fiel servidor? Será bastante dizer:“ Sou cristão ”, para seguir o Cristo? Procurai os verdadeiros cristãos e os reconhecereis pelas suas obras. “Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos”. – “Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada no fogo”. – Eis as palavras do Mestre. Discípulos do Cristo, compreendei-as bem! Quais os frutos que a árvore do Cristianismo deve dar, árvore possante, cujos ramos frondosos cobrem com a sua sombra uma parte do mundo, mas ainda não abrigaram a todos os que devem reunir-se em seu redor? Os frutos da árvore da vida são frutos de vida, de esperança e fé. O Cristianismo, como o vem fazendo desde muitos séculos, prega sempre essas divinas virtudes, procurando distribuir os seus frutos. Mas quão poucos os colhem! A árvore é sempre boa, mas os jardineiros são maus. Quiseram moldá-la segundo as suas idéias, modelá-la de acordo com as suas conveniências. Para isso a cortaram, diminuíram, mutilaram. Seus ramos estéreis já não produzem maus frutos, pois nada mais produzem. O viajor sedento que se acolhe à sua sombra, procurando o fruto de esperança, que lhe deve dar força e coragem, encontra apenas os ramos adustos, pressagiando mau tempo. É em vão que busca o fruto da vida na árvore da vida: as folhas tombam secas aos pés. A mãos do homem tanto as trabalharam, que acabaram por crestá-las!

            Abri, pois, vossos ouvidos e vossos corações, meus bem amados! Cultivai esta árvore da vida, cujos frutos proporcionam a vida eterna. Aquele que a plantou vos convida a cuidá-la com amor, que ainda a vereis dar com abundância os seus frutos divinos. Deixai-a assim como o Cristo vo-la deu: não a mutileis. Sua sombra imensa quer estender-se por todo o universo; não lhe corte a ramagem. Seus frutos generosos caem em abundância, para alentar o viajor cansado, que deseja chegar ao seu destino. Não os amontoeis, para guardá-los e deixá-los apodrecer, sem servirem a ninguém. “São muitos os chamados e poucos os escolhidos”. É que há os açambarcadores do pão da vida, como os há do pão material. Não vos coloqueis entre eles; a árvore que dá bons frutos deve distribuí-los para todos. Ide, pois, procurar os necessitados; conduzi-os sob as ramagens da árvore e partilhai com eles o abrigo que ela vos oferece. “Não se colhem uvas dos espinheiros”. Meus irmãos, afastai-vos, pois, dos que vos chamam para apontar os tropeços do caminho, e segui os que vos conduzem à sombra da árvore da vida.

            O divino Salvador, o justo por excelência, disse, e suas palavras não passarão: “Os que me dizem Senhor, Senhor, nem todos entrarão no Reino dos Céus, mas somente aqueles que fazem a vontade de meu Pai, que está nos Céus”. Que o Senhor das bênçãos vos abençoe, que o Deus da luz vos ilumine; que a árvore da vida vos faça com abundância a oferenda dos seus frutos! Credes e orai!
SIMEÃO, Bordeaux, 1863.
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