Reflexão sobre as festividades de final de ano no mundo contemporâneo

É chegado o tempo das festividades habituais de final de ano: Natal e Ano-Novo.


Ao falarmos disso, logo pensamos em mesas fartas, champanhe e família. Lembramos da troca de presentes e do amigo secreto. De vestir-se de branco e esperar fogos de artifício.

É sempre assim todo ano, não é mesmo?

E será que deve ser assim?

Pensemos inicialmente no Natal. O Natal é a celebração (simbólica) do nascimento de Jesus. Isso todo mundo sabe.

E quem foi Jesus? Foi aquele cara, cabeludo e barbudo, que vivia em Jerusalém e foi pregado numa cruz a dois mil anos atrás. Todos lembramos disso.

E o que ele veio fazer aqui? Ele veio falar de amor. Ele veio nos ensinar a amar. Ele veio exemplificar o amor incondicional. Ele nos ensinou a tratar aos outros da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados. Ainda lembramos disso?

Vamos pensar bem: na celebração do nascimento de Jesus, que veio nos ensinar a amar ao próximo (e nos deu o exemplo disso), será que o amor está presente nos nossos corações?

Será que aproveitamos a oportunidade para perdoar aquele familiar que nos disse umas coisas feias, o vizinho que faz barulho até tarde, aquele amigo que deu um calote e o chefe turrão que está sempre estressado?

Será que aproveitamos para separar aquelas roupas que não usamos mais e as encaminhamos para doação?

Será que tentamos ajudar a todos aqueles que nos cercam?

Será que expressamos o nosso amor por todos os que nos rodeiam?

Mesmo que façamos tudo isso, nos esquecemos de um pequeno detalhe: Jesus não disse para seguirmos seus ensinamentos somente uma vez por ano. Os seus ensinamentos não são cerimônias para um feriado: são mudanças permanentes de caráter. É fazer o bem durante o ano todo, em todos os momentos. É fazer o certo, mesmo quando for a opção mais difícil. É ser honesto, mesmo quando não há ninguém olhando.

Quanta hipocrisia haverá em nós se amarmos ao próximo somente no Natal. E será que não é isso que temos feito?

Isso quer dizer que não devemos festejar o Natal?

Não. Só quer dizer que não podemos esquecer quem é o aniversariante!!!

E logo depois do Natal vem o Ano-Novo. A festa das promessas.

Esse ano irei começar uma dieta. Esse ano estudarei mais. Esse ano beberei menos. Esse ano vou ser mais cuidadoso no trânsito. Esse ano vou economizar mais dinheiro.

Acho que esquecemos de mencionar qual é o ano. Talvez estejamos prometendo tudo para 2050...

Quando chega o Ano-Novo, bate aquele arrependimento. Todas as coisas legais que queríamos ter feito e não fizemos. Mas para ficar com a consciência tranquila, prometemos que vamos fazer tudo isso no ano seguinte.

E fazemos? Não, repetimos as mesmas burradas do ano anterior.

Não adianta brindarmos e termos lindos objetivos se eles não saírem do papel.

Não adianta comemorarmos que mais um ano está chegando, se será mais um ano desperdiçado de nossas vidas.

Será que mais um ano vai passar sem darmos ouvidos aos ensinamentos de Jesus? (Quem é Jesus mesmo? Ah sim, é o carinha que estava de aniversário no Natal, gente boa ele...)

Esses dois feriados, são apenas um exemplo do que temos feito com nossas vidas.

Temos sido seres vazios de amor, de esperança, de coragem, de paciência, de humildade e de bondade.

Mas somos cheios de mágoas, tristeza, egoísmo, orgulho, raiva e maledicência.

Queremos colher a felicidade agora, mas sempre esquecemos de arar a terra, plantar e regar as sementes, afastar as pragas e manter a terra adubada, até que no tempo propício ela floresça.

Queremos fazer tudo diferente, mas fazemos tudo igual. Queremos resultados diferentes, mas sempre fazemos tudo do mesmo jeito.

Até queremos ser pessoas melhores, mas achamos mais fácil procurar os defeitos dos outros do que identificar os nossos próprios.

Ficamos esperando que os outros nos amem, mas nós não amamos ninguém. Ficamos esperando que os outros nos ajudem, mas nós não ajudamos ninguém.
Ficamos esperando que os outros se dediquem a nós, mas nós não nos dedicamos a ninguém.

Então, não esperemos o próximo ano para mudar. Comecemos hoje mesmo, repensando nossos valores, nossos conceitos. Mudemos nossos pensamentos e atitudes. Ninguém pode fazer isso por nós.

E que Deus, nosso Pai misericordioso nos abençoe e nos ajude em nossos bons propósitos.

"E se vós amais somente aos  que vos amam, que merecimento é o que vós tereis? Pois os pecadores também amam os que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que merecimento é o que vós tereis? Porque isto mesmo fazem também os pecadores. E se emprestardes somente àqueles de quem esperais receber, que merecimento é o que vós tereis? Porque também os pecadores emprestam uns aos outros, para que se lhes faça outro tanto. Amai, pois, os vossos inimigos, façam bem, e emprestai, sem nada esperar, e tereis muito avultada recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso." (Lucas, VI: 32-36).

"Todo aquele, pois,que ouve estas minhas palavras, e as observa, será comparado ao homem sábio, que edificou a sua casa sobre a rocha. E veio a chuva, e transbordaram os rios, e assopraram os ventos, e combateram aquela casa, e ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. E todo o que ouve estas minhas palavras, e não as observa, será comparado ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E veio a chuva, e transbordaram os rios, e assopraram os ventos, e combateram aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína." (Mateus, VII: 24-27 e semelhante em Lucas, VI: 46-49).



Comentários

  1. Ta te puxando hein chefe! É isso aí!

    ResponderExcluir
  2. Gostei muito. E está muito bem escrito... já dá pra prometer escrever um livro no próximo ano... mesmo que seja em 2050!!!!!!!!!!! Dá tempo! Abração.

    ResponderExcluir
  3. Muito bom, Raphael. Texto para ler e reler. Mensagem extremamente apropriada. Parabéns, meu amigo... vou reler.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Deixe seu comentário acerca do post acima.

Posts mais visitados

O óbolo da viúva - a verdadeira caridade

Benefícios pagos com a ingratidão

A felicidade que a prece proporciona

10 coisas que aprendi com o Espiritismo

Convidar aos pobres e estropiados

Provas voluntárias e a verdadeira penitência

O perdão e a indulgência

Os tormentos voluntários

Pecado por pensamentos

Todo mundo erra! - Deixar o passado para trás!