[Leis morais] A Lei de Reprodução

Hoje retomando o nosso estudo das leis morais, abordaremos a Lei de Reprodução.


A Lei de Reprodução é uma lei essencial para o mundo material, visto que é através da reprodução que são providos os corpos necessários para que os espíritos que Deus cria possam encarnar-se nos mundos materiais. Sem a reprodução, o mundo material pereceria.

Todas as espécies da Terra seguem em permanente evolução, assim como a raça humana. À medida que as almas evoluem, imprimem sua evolução nos corpos físicos, adaptando-os e melhorando-os para as necessidades das almas enquanto encarnadas.

O homem evoluiu do bruto homem das cavernas para o intelectual homem contemporâneo, desenvolvendo a sua inteligência sobre os instintos. Essa inteligência passa a prevalecer sobre o instinto em todos os aspectos de sua vida, inclusive na reprodução.

Os animais atraem-se e reproduzem-se puramente pelo instinto. Da mesma forma procedia o homem primitivo, agindo mais como animal do que como ser racional. Mas à medida que o homem desenvolveu-se e aumentou sua racionalidade, fez-se necessário adequar as necessidades reprodutivas a novos padrões de comportamento.

"694. Que pensar dos usos que têm por fim deter a reprodução, com vistas à satisfação da sensualidade?

— Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e o quanto o homem está imerso na matéria.

695. O casamento, ou seja, a união permanente de dois seres é contrária à lei da Natureza?

— É um progresso na marcha da Humanidade.

696. Qual seria o efeito da abolição do casamento sobre a sociedade humana?

— O retorno à vida dos animais.

Comentário de Kardec: A união livre e fortuita dos sexos pertence ao estado de natureza. O casamento é um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se encontra entre todos os povos, embora nas mais diversas condições. A abolição do casamento seria, portanto, o retorno à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de alguns animais que lhe dão o exemplo das uniões constantes.
"

Enquanto que os animais possuem somente sensações e instinto, o homem possui além destas as emoções, a inteligência e a racionalidade.

A medida que nos desenvolvemos, adquirimos diferentes graus de afeição por aqueles que nos cercam, e o sexo deixou de ser um instrumento puramente reprodutivo, passando a ser também elemento de união nos relacionamentos amorosos.

Ainda que não se utilize mais o sexo somente para reprodução (seguindo o instinto, como o homem das cavernas), tendemos para o extremo oposto, utilizando o sexo somente para a sensação. A sensualidade exagerada e o vício pela promiscuidade nos levaram novamente para o sexo primitivo, dessa vez não pelo instinto, mas pela sensação.

E quando agimos desta maneira, não estamos exercitando o aspecto humano das relações: o uso das emoções, da inteligência e da racionalidade.

Numa tentativa de atingir um estado de pureza espiritual, recorreu-se ao celibato, pensando que esta seria a solução mais agradável a Deus.

Mas Deus não deseja que seus filhos pertençam a nenhum extremo, mas sim que busquem o caminho do equilíbrio e da moderação em tudo o que fazem. Com a reprodução não seria diferente.

"O impulso poligâmico do homem não é um instinto biológico, mas um simples resquício das fases anteriores de sua evolução. Não sendo irracional, nem controlado pelas leis naturais das espécies animais, ele tem o dever moral de refrear esse impulso e sublimar a sua afetividade através do amor conjugal e familiar. É pela razão e o livre-arbítrio que ele se controla, elevando-se conscientemente acima das exigências biológicas e das ilusões sensoriais. Se esse  controle lhe parece difícil, maior é o seu dever de realizá-lo, porque maior é a sua necessidade de evolução nesse campo e também porque “o mérito do bem está na dificuldade”, como se vê no item 646 deste livro. (N. do T.)"

Voltando-nos ao objetivo de evolução moral que a Doutrina Espírita nos propõe, o que isso tudo quer nos dizer?

Quer dizer que aquele busca o caminho das virtudes, deve usar o sexo com compromisso e responsabilidade. O sexo para nós deve representar um aspecto da vida, e não o objetivo único da mesma, criando vícios que nos prendem no primitivismo.

O sexo é portanto elemento não só de reprodução, mas de união afetiva. É um ato físico onde existe um intercâmbio emocional e energético, criando laços entre os envolvidos.

E assim como tudo o que fazemos na vida, deve seguir as regras da racionalidade e da moderação, sendo a promiscuidade um atraso evolutivo.

Devemos também ter em mente a responsabilidade emocional inerente a todos os relacionamentos, os quais devem ser regidos pelo mandamento maior: "tratar ao próximo como gostaríamos de ser tratados, e não fazer ao outro aquilo que não gostaríamos que nos fosse feito", assim como todas as relações humanas.

Longe de ser errado e pecaminoso, o sexo moderado é benéfico, sadio e torna-se parte fundamental na evolução espiritual do ser, bem como qualquer tipo de extremismo torna-se um atraso evolutivo.



Leitura complementar:
A Lei de Reprodução (em O Livro dos Espíritos)

Todos os posts da série Leis Morais:

- Falando sobre as Leis Morais
- A Lei Divina ou Lei Natural
- A Lei de Adoração
- A Lei do Trabalho
- A Lei de Reprodução



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