Porquê ainda alimentamos o egoísmo?

Hoje queremos trazer este tema tão essencial, falando sobre uma das maiores falhas morais que podemos ter: o egoísmo. Porquê ainda o alimentamos? Vamos descobrir!

Todos nós somos criados simples e ignorantes por Deus, para que possamos aprender e nos desenvolver através das nossas experiências encarnatórias.

Enquanto simples fagulha de vida, encarnamos no reino mineral, onde atuamos inicialmente como matéria inerte, adquirindo a força mecânica.

Em um momento seguinte, encarnamos no reino mineral, onde somando-se a essa força mecânica adquirimos a vitalidade e a sensação.

Na sequência, encarnamos no reino animal, onde somando-se à força mecânica, à vitalidade e à sensação, adquirimos o instinto, forma primitiva de inteligência.

Até que por fim, em nosso último estágio no mundo material, passamos ao reino hominal, onde somando-se a todos os itens anteriores, adquirimos também a inteligência e o livre arbítrio.


"585. Que pensais da divisão da Natureza em três reinos, ou ainda em duas classes: os seres orgânicos e os seres inorgânicos? Alguns fazem da espécie humana um quarto reino. Qual dessas divisões é a preferível?

— Todas são boas: isso depende do ponto de vista. Encarados sob o aspecto material, não há senão seres orgânicos e seres inorgânicos; do ponto de vista moral, há, evidentemente, quatro graus.

Comentário de Kardec: Esses quatro graus têm, com efeito, caracteres bem definidos; embora pareçam confundir-se os seus limites. A matéria inerte, que constitui o reino mineral, não possui mais do que uma força mecânica; as plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade; os animais, compostos de matéria inerte e dotados de vitalidade, têm também uma espécie de inteligência instintiva, limitada, com a consciência de sua existência e de sua individualidade; o homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial ilimitada(l) que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas extra-materiais e o conhecimento de Deus.
"


Todavia por serem todas essas fases cumulativas, a inteligência soma-se ao instinto, em vez de substituí-lo. Daí cabe ao ser humano desenvolver e usar a sua inteligência cada vez mais, à medida que também vai cada vez menos deixando de seguir seus instintos animais.

Infelizmente nem sempre conseguimos fazer essa transição, e por vezes permitimos que alguns instintos reinem sobre a inteligência. Essa passa a ser a causa das falhas morais, onde por nossas escolhas permitimos que determinados aspectos de nossa "animalidade" se sobreponham à nossa inteligência.

No caso particular do egoísmo, tema do qual tratamos hoje, permitimos que o nosso instinto primitivo de conservação e sobrevivência continue nos guiando mesmo na fase onde nossa inteligência deveria reinar soberana sobre os instintos.

Continuamos então a colocar a nossa sobrevivência e a nossa conservação em primeiro lugar, ignorando completamente a sobrevivência e a conservação do próximo. Mais ainda, na maioria dos casos somente temos o foco para os nossos problemas e necessidades, ignorando completamente até mesmo a existência do próximo.

É daí que cruzamos a linha do necessário e passamos a usufruir também do supérfluo, ignorando se o nosso próximo tem o mínimo essencial para si. Alheios às necessidades dos outros, pouco nos importa se vivem ou se morrem, se são felizes ou se sofrem, desde que nossos interesses sejam cumpridos. Eis aí o egoísmo.

"715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?

– O sensato o conhece por intuição e muitos o conhecem à custa de suas próprias experiências.

716. A Natureza não traçou o limite do necessário em nossa própria organização?

— Sim, mas o homem é insaciável. A Natureza traçou limites de suas necessidades na sua organização, mas os vícios alteraram a sua constituição e criaram para ele necessidades artificiais.

717. Que pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, em prejuízo dos que não têm sequer o necessário?

— Desconhecem a lei de Deus e terão de responder pelas privações que ocasionarem.

Comentário de Kardec: O limite entre o necessário e o supérfluo nada tem de absoluto. A civilização  criou necessidades que não existem no estado de selvageria, e os Espíritos que ditaram esses preceitos não querem que o homem civilizado viva como selvagem. Tudo é relativo e cabe à razão colocar cada coisa em seu lugar. A civilização desenvolve o senso moral e ao mesmo tempo o sentimento de caridade que leva os homens a se apoiarem mutuamente. Os que vivem à custa das privações alheias exploram os benefícios da civilização em proveito próprio; não têm de civilizados mais do que o verniz, como há pessoas que não possuem da religião mais do que a aparência.
"

A grande pergunta então é:

- Porquê ainda alimentamos o egoísmo?

Simplesmente porque nos é cômodo. É muito fácil e cômodo para nós utilizarmos todos os nossos recursos (não só dinheiro, mas também o tempo, a inteligência, e todo o resto que possuirmos em abundância) somente para os nossos interesses, e ignorarmos completamente a existência do próximo.

Porém, amado(a) leitor(a), será que ficaríamos na miséria por usar uma parcela de nosso supérfluo em prol de um irmão mais necessitado? Será que ficaríamos completamente fadigados em dedicar uma parcela do nosso tempo de descanso em prol de um irmão que precisa de ajuda? Será que seríamos menos abençoados se em nossas preces reservássemos um momento para orar pelos nossos irmãos?

E agora, aplicando o mandamento maior do Cristo (tratar ao próximo como gostaríamos de ser tratados), como nos sentiríamos se fôssemos nós os necessitados? Se fôssemos nós com fome, com necessidade de amparo, de atenção ou de prece, qual seria a nossa alegria em sermos agraciados com o alívio de nossos sofrimentos?

Então porquê continuar perpetuando essa terrível falha moral que nos impede de ser caridosos e benevolentes, mais ainda, nos impede de ser humanos?

É tempo de mudança, é tempo de rever nossas posturas tão embrutecidas e que nos mantém estagnados no mesmo patamar evolutivo de séculos atrás!

Vamos derrubar essas muralhas que construímos em torno de nós. Estejamos todos em comunhão com os nossos irmãos, ajudando e sendo ajudados, todos de mãos dadas nessa grande família amorosa e fraterna chamada humanidade.

E assim todos juntos avançaremos rumo à um amanhã repleto de felicidades.

Basta querer!


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