O pensamento, os atos e a intenção

Amados irmãos, após um breve período sem posts, retomamos hoje estudando mais alguns pontos esclarecidos pela maravilhosa Doutrina Espírita.

É de consenso geral entre os homens que cada um é reponsável por suas atitudes. Tanto é, que a justiça humana prevê punições à todos aqueles que cometerem atos em desacordo com a constituição de seu país.

Mas nossa responsabilidade não fica somente no campo das ações.

Sendo os seres humanos seres emocionais e inteligentes, nota-se que a ação é muitas vezes só o final de um processo, que iniciou-se muito antes, na mente.

Diversos filmes trazem aquele roteiro clássico: um homem que durante meses (ou até mesmo anos) planeja um grandioso assalto à banco. Quando o faz, o assalto dura apenas alguns breves minutos, pois foi planejado durante meses.

Imaginemos agora este mesmo assaltante hipotético do filme. Se na véspera do assalto, o mesmo fosse atropelado, ficando internado e impossibilitado de realizar tal ato, seria ele culpável?

Aos olhos da justiça dos homens, não seria culpado, pois não cometeu nenhuma ação em desacordo com a constituição. Entretanto, aos olhos da justiça divina, ele seria culpável, pela intenção que teve de realizar este ato, que só não foi realizado devido ao atropelamento.

Com o Espiritismo aprendemos que somos responsáveis não só por nossas ações, mas também por nossos pensamentos, e principalmente, pelas nossas intenções.

Quantas vezes acontece, no dia-a-dia do trânsito das grandes cidades, pequenos conflitos onde acontecem as mais variadas ameaças de morte?

"A verdadeira pureza não está somente nos atos; está também no pensamento, porquanto aquele que tem puro o coração, nem sequer pensa no mal. Foi o que Jesus quis dizer: ele condena o pecado, mesmo em pensamento, porque é sinal de impureza."
(Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VIII, item 6)

A intenção é que pode condenar ou santificar TODOS os nossos atos.


Imaginemos dois homens. O primeiro, atira-se em um rio para salvar uma pessoa que se afoga. Não consegue salvar-se e morre afogado. O segundo, achando muito difíceis as tribulações da vida, amarra um peso ao corpo e atira-se de uma ponte, suicidando-se.

Ambos morreram afogados, por uma ação feita por eles mesmos (pular da ponte). São ambos culpáveis? Não, pois enquanto o primeiro teve a intenção de salvar uma vida, o outro teve a intenção de dar fim à sua própria vida. Portanto, o primeiro teve uma ação meritória, enquanto que o segundo teve uma ação culpável.

Por isso dizemos que todas as ações, começam no pensamento. Aquele que fica por dias maquinando um delito, pensando em cada um dos detalhes que vai cometer, e se na hora H não o comete por qualquer razão que não seja o arrependimento (como o exemplo do ladrão que foi atropelado), este já é culpado, porque teve toda a intenção declarada de fazer, e não o fez porque foi impedido.

Isto vale para tudo: um crime, um adultério, uma agressão física, um suicídio, uma vingança, e toda e qualquer má ação que tivermos a intenção de fazer.

Já dizia Jesus: "Não cometereis adultério. Eu, porém, vos digo que aquele que houver olhado uma mulher, com mau desejo para com ela, já em seu coração cometeu adultério com ela." (S. Mateus, cap. V, vv.27 e 28.).

Sendo já o pensamento culpável, o ato subsequente é ainda o agravante, pois não só se planejou o mal, como friamente o foi colocado em prática.

"7. Esse principio suscita naturalmente a seguinte questão: Sofrem-se as conseqüências de um pensamento mau, embora nenhum efeito produza?

Cumpre se faça aqui uma importante distinção. À medida que avança na vida espiritual, a alma que enveredou pelo mau caminho se esclarece e despoja pouco a pouco de suas imperfeições, conforme a maior ou menor boa-vontade que demonstre, em virtude do seu livre-arbítrio. 


Todo pensamento mau resulta, pois, da imperfeição da alma; mas, de acordo com o desejo que alimenta de depurar-se, mesmo esse mau pensamento se lhe torna uma ocasião de adiantar-se, porque ela o repele com energia. É indício de esforço por apagar uma mancha. Não cederá, se se apresentar oportunidade de satisfazer a um mau desejo. Depois que haja resistido, sentir-se-á mais forte e contente com a sua vitória.

Aquela que, ao contrário, não tomou boas resoluções, procura ocasião de praticar o mau ato e, se não o leva a efeito, não é por virtude da sua vontade, mas por falta de ensejo. E, pois, tão culpada quanto o seria se o cometesse.

Em resumo, naquele que nem sequer concebe a idéia do mal, já há progresso realizado; naquele a quem essa idéia acode, mas que a repele, há progresso em vias de realizar-se; aquele, finalmente, que pensa no mal e nesse pensamento se compraz, o mal ainda existe na plenitude da sua força. Num, o trabalho está feito; no outro, está por fazer-se. Deus, que é justo, leva em conta todas essas gradações na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homem."

(Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VIII, item 7)

Portanto, vigiemos nossos pensamentos, para que não cometamos erros. Empenhemo-nos na intenção de fazer o bem e de repelir nossas más inclinações. Assim, já estaremos iniciando o processo de nossa mudança interior.

Fica a sugestão de estudo: Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo VIII - "Bem Aventurados os que têm puro o coração".

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