Perda de entes queridos

Todos um dia daqui partiremos.

Faz parte do ciclo natural.

Viemos à Terra sucessivas vezes para o nosso aprendizado e aprimoramento, assim como um aluno vai sucessivos anos à escola, a fim de adquirir novos conhecimentos e experiências.

Do mesmo modo que a escola não representa a vida real do estudante, a vida na Terra também não é a nossa vida real.

Deus nos criou simples e ignorantes, para que nós mesmos aprendêssemos através de nossas experiências. Desse modo, passaríamos pela mais incrível variedade de situações, aprendendo a distinguir o certo do errado e desenvolvendo nossa inteligência e nossas virtudes.

O convívio com nossos irmãos de jornada faz com que desenvolvamos nossos laços de afetividade, de empatia e de amor.

E nesse ciclo de idas e vindas, encarnações e reencarnações, seguimos repetindo a fórmula, almejando um dia chegar à perfeição.

Enquanto esse dia não chega, ainda temos coisas a corrigir em nós: falhas morais, apegos, mágoas e arrependimentos. Mas a cada dia temos a oportunidade de sermos diferentes, de fazer um novo começo e mudar tudo o que está errado.

E quando nos propomos a seguir esse caminho de melhoria interior constante e progressiva, certamente esbarraremos no apego, que nos faz aprisionar aqueles que amamos.

É necessário que nos preparemos para a morte, tanto a nossa quanto a daqueles que amamos. Mas nosso apego impede que vejamos isso com clareza e queremos a todo custo que todos permaneçam conosco para sempre.

De fato, quando a morte chega, a despedida é inevitável. Entretanto, esta despedida é temporária e breve, pois a verdadeira vida, essa sim é eterna e teremos todo o tempo do mundo para estar novamente com aqueles que amamos.

Imaginemos a seguinte situação: dois amigos que estudam em uma mesma escola. Enquanto um forma-se no primeiro ano do ensino médio, o outro forma-se no terceiro ano e prepara-se para ir à faculdade. Seria essa separação eterna?

Por mais que pareça muito tempo para os jovens amigos, na realidade apenas dois anos os separam de estudarem juntos novamente.

Assim é também na vida: quando um espírito parte da Terra ao fim dessa encarnação, vai ele em busca de novos rumos e preparar-se para um maior aprendizado na próxima encarnação. Enquanto isso, nós que aqui ficamos lamentamos "perder" a sua presença. Mas apenas alguns anos nos separam.

E nunca nos esqueçamos, onde houver o amor e o afeto entre dois seres, estes sempre estarão unidos, independente de onde quer que estejam.


"936. Como as dores inconsoláveis dos que ficam na Terra afetam os Espíritos que partiram?

— O Espírito é sensível a lembrança e às lamentações daqueles que amou, mas uma dor incessante e desarrazoada o afeta penosamente, porque ele vê nesse excesso uma falta de fé no futuro e de confiança em Deus, e por conseguinte um obstáculo ao progresso e talvez ao próprio reencontro com os que deixou.

Comentário de Kardec:  Estando o Espírito mais feliz do que na Terra, lamentar que tenha deixado esta vida é lamentar que ele seja feliz. Dois amigos estão presos na mesma cadeia; ambos devem ter um dia a liberdade, mas um deles a obtém  primeiro. Seria caridoso que aquele que continua preso se entristecesse por ter o seu amigo se libertando antes? Não haveria de sua parte mais egoísmo do que afeição, ao querer que o outro partilhasse por mais tempo do seu cativeiro e dos seus sofrimentos?  O mesmo acontece entre dois seres que se amam na Terra.  O que parte primeiro foi o primeiro a se libertar e devemos felicitá-lo por isso, esperando com paciência o momento em que também nos libertaremos.

Faremos outra comparação. Tendes uma amigo que, ao vosso lado, se encontra em situação penosa. Sua saúde ou seu interesse exige que vá para outro país, onde estará melhor sob  todos os aspectos. Dessa maneira, ele não estará mais ao vosso lado, durante algum tempo. Mas estareis sempre em correspondência com ele. A separação não será mais que material. Ficareis aborrecido com o seu afastamento, que é para o seu bem?

A doutrina espírita, pela s provas patentes que nos dá quanto à vida futura, à presença ao nosso redor dos seres aos quais amamos, à continuidade da sua afeição e da sua solicitude, pelas relações que nos permite entreter com eles, nos oferece uma suprema consolação, numa das causas mais legitimas de dor. Com o Espiritismo, não há mais abandono. O mais isolado dos homens tem sempre amigos ao seu redor, com os quais pode comunicar-se.

Suportamos impacientemente as tribulações da vida. Elas nos parecem tão intoleráveis que supomos não as poder suportar. Não obstante, se as suportarmos com coragem, se soubermos impor silêncio às nossas lamentações, haveremos de nos felicitar quando estivermos fora desta prisão terrena, como o paciente que sofria se felicita, ao se ver curado, por haver suportado com resignação um tratamento doloroso
."


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