Idéias inatas, intuições e talentos

Em mais um post sobre o livro dos espíritos, hoje vamos abordar este tema muito interessante, e que causa muitas dúvidas nos iniciantes no espiritismo.

Os posts sobre o livro dos espíritos normalmente vão ao ar nos sábados, mas por mudanças na minha rotina não estou conseguindo postar a tempo. Mas tão breve quanto possível, voltaremos aos dias habituais: quartas e sábados.

Vamos então ver o que O Livro dos Espíritos nos diz:


"218. O Espírito encarnado conserva algum traço das vitórias que obteve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores?

— Resta-lhes uma vaga lembrança, que lhe dá o que chamamos idéias inatas.

218 – a) A teoria das idéias inatas não é quimérica?

— Não, pois os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem; o Espírito, liberto da matéria, sempre se recorda. Durante a encarnação pode esquecê-lo em parte, momentaneamente, mas a intuição que lhe fica ajuda o seu adiantamento. Sem isso, ele sempre teria de recomeçar. A cada nova existência, o Espírito toma como ponto de partida aquele em que se achava na precedente.

218 – b) Deve então haver uma grande conexão entre duas existências sucessivas?

— Nem sempre tão grande como podias pensar, porque as posições são quase sempre muito diferentes, e no intervalo de ambas o Espírito pode progredir. (Ver item 216.)

219. Qual é a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como as línguas, o cálculo etc.?

— Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas do qual     ela mesma não tem consciência. De onde queres que elas venham? Os corpos mudam, mas o Espírito não muda, embora troque a vestimenta.

220. Com a mudança dos corpos, podem perder-se certas faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes?

— Sim, desde que se tenha desonrado essa faculdade, empregando-a mal. Uma faculdade pode, também, ficar adormecida durante uma existência, porque o Espírito quer exercer outra que não se relaciona com ela. Nesse caso, permanece em estado latente, para reaparecer mais tarde.

221. E a uma lembrança retrospectiva que deve o homem, mesmo no estado de selvagem, o sentimento instintivo da existência de Deus e o pressentimento da vida futura?

— E uma lembrança que ele conserva daquilo que sabia como Espírito, antes de encarnar; mas o orgulho freqüentemente abafa esse sentimento.
"

Já aprendemos que os espíritos têm a "eternidade toda" para progredir, através das sucessivas reencarnações, onde buscam, vida após vida tornarem-se melhores (quando não se desviam do caminho) tanto moralmente quanto intelectualmente. (se estes conceitos são novos para você, recomendamos uma leitura no capítulo 4 do Livro dos Espíritos, clicando aqui).

O que talvez nem todos saibam (e muitos questionam isso), é porque quando encarnamos existe o esquecimento do passado.

Imaginemos que ao encarnarmos novamente na Terra, encontrássemos nossos inimigos do passado, lembrando tudo de ruim que nos fizeram (e tudo de ruim que nós fizemos a eles também). Já pensou se quem hoje é um pai, ou uma mãe, no passado foi alguém que nos assassinou? Como conseguiríamos viver na mesma casa?

Portanto, sem esquecer o passado, não há como fazer um recomeço. É como se um aluno começasse o ano escolar já com as notas ruins do ano anterior, mesmo antes de aprender as novas lições e ser novamente testado.

Deus, em sua infinita sabedoria, criou os mecanismos de esquecimento, para que nossas lembranças não nos impedissem de criar uma nova história. Cada encarnação é uma página em branco, onde podemos escrever o que quisermos. Como faríamos se esta página já estivesse cheia de palavras aleatórias?

Então, quando nos unimos ao nosso pesado corpo material, essa união se encarrega de bloquear essas lembranças. Mas elas não são apagadas, somente ficam temporariamente indisponíveis.

Mas Deus, como é sábio e bondoso, sabe que algumas lembranças nos seriam muito úteis. É por isso que é possível que acessemos certos conhecimentos através da intuição e das lembranças subconscientes.

Todos nós já percebemos que algumas pessoas têm uma grande facilidade para a música, enquanto outros passam grande trabalho para aprender. Outros têm uma incrível aptidão para a matemática: para eles compreender os números é fácil como amarrar os cadarços do sapato. São aptidões já adquiridas no passado e que nos facilitam o aprendizado nessa encarnação.

Portanto, não podemos reclamar do esquecimento temporário do passado, ele nos beneficia muito. E tudo aquilo que é importante e necessário, podemos não lembrar por completo, mas teremos uma intuitiva lembrança e uma facilidade de aprendizado.

Esses mecanismos também explicam porque às vezes conversamos cinco minutos com outra pessoa e parece que já a conhecemos a muito tempo. Ou quando cruzamos com uma pessoa e "não vamos com a cara dela" desde o primeiro instante. É o nosso subconsciente que revela que já conhecemos essas pessoas, apenas não nos lembramos.

Agora que sabemos isso, vamos aproveitar para nos reconciliarmos com todas aquelas pessoas que inconscientemente não gostamos e nem elas gostam de nós. Só Deus sabe o que elas nos fizeram e o que nós fizemos à elas. Então, nada de desperdiçar essa oportunidade de reconciliação, já que não lembramos de nada mesmo!!!

Espero que os leitores tenham gostado do assunto de hoje. Deixem suas opiniões nos comentários (e as dúvidas também).


Comentários

  1. Muito bom Rafa! É bem por aí mesmo. Como Allan Kardec já dizia "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei."

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