As mudanças aparentes e as mudanças reais

Desde o início do blog estamos falando sobre mudanças. Mudar é a palavra chave para todo espírita e para todo aquele que deseja tornar-se uma pessoa melhor.

Mas como já é de se esperar, existem alguns enganos pelo caminho.

Algumas vezes não compreendemos corretamente as lições. Ou simplesmente não conseguimos colocá-las em prática da maneira certa.

É um problema errar? Definitivamente não. O problema é persistir no erro.

Partindo então desses equívocos, podemos perceber que em alguns casos realmente mudamos, sendo que em outros nós só aparentamos ter mudado. Vamos ver alguns casos.


- Raiva / ódio

Suponhamos então que somos pessoas que temos ataques de raiva e um ódio constante por tudo e por todos.

Se nós procurarmos ficar quietos em vez de chingar, ficarmos parados em vez de agredir, aparentaremos ter mudado.

Mas e por dentro? Como estarão nossos sentimentos nesse momento?

A mudança só será real quando, em uma situação de conflito ou de extremo estresse, conseguirmos não só manter o nosso exterior calmo, mas também o nosso interior.

A pessoa que aparenta ter mudado estará pensando: "mas que raiva, esse desgraçado vai ver, vai pagar por isso, ele que aguarde que a minha vingança será fria e calculista".

A pessoa que realmente mudou estará pensando: "aposto que ele está tendo um dia ruim e infelizmente está descontando em mim. Por mais que esteja me ofendendo sei que não devo levar isso em consideração porque ele está alterado. Acho melhor encerrar o assunto me dando por vencido e em outro momento, com calma, conversaremos melhor".



- Vida desregrada / vícios / excessos

Nos imaginemos agora em um quadro de vida completamente desregrada, repleta de vícios e excessos de toda a sorte.

Portadores então dessa postura, vivemos gabando-nos de nossas aventuras, de tudo aquilo fazemos e achamos que é bonito e certo. Não obstante, ainda incentivamos os outros a nos acompanharem e realizarem feitos do mesmo naipe ou até mesmo mais ousados.

Certo dia então, decidimos mudar e nos calamos. De nossa boca só saem assuntos amenos. Nada de aventuras e farras.

A pessoa que aparenta ter mudado, apenas parará de comentar, mas continuará com seus velhos e adorados maus hábitos, em segredo.

A pessoa que realmente mudou, não só mudou o seu discurso como também faz um grande e contínuo esforço para ficar distante da vida torta que levava antes.



- Diferentes posturas em diferentes lugares (ou "os pseudo-santos")

Nos imaginemos agora como aquela pessoa que tem frequentado a doutrina espírita (ou qualquer outro grupo filosófico/religioso) e decide então mudar sua conduta.

Na sociedade espírita (ou em qualquer outro círculo social), agimos como verdadeiros anjos encarnados: somos puro amor, bondade e boa vontade. Todos nos amam e não sabem como que as pessoas da nossa família podem não gostar de uma pessoa tão maravilhosa.

Mas fora de lá, retiramos a máscara da bondade e somos os mesmos teimosos, implicantes, ranzinzas e reclamões de sempre. Continuamos a nos queixar de tudo e de todos, brigamos por qualquer motivo e nos deliciamos numa boa fofoca.

A pessoa que aparenta ter mudado, só se mostra diferente onde lhe convém, como se adotasse um personagem.

A pessoa que realmente mudou, age de maneira diferente em tempo integral, inclusive quando está sozinha. Incorporou totalmente em si as virtudes que tanto esforçou-se por conquistar.



Porém em alguns casos, a mudança aparente faz parte de um ciclo de mudança.

Imaginemos a pessoa que quer vencer um mau hábito ou vício. É muito difícil que ela mude da noite para o dia, mas ela pode ir gradativamente mudando a sua conduta. Neste caso, ela não está equivocada, está progressivamente modificando-se. O erro estaria em permanecer estacionário no meio do caminho.

Mudança é movimento, é ação. Estar parado é estar estagnado e persistindo no erro.

É fundamental que observemos se nós próprios estamos cometendo esses erros. Se você leu até aqui pensando no Ciclano ou no Beltrano, acabou de cometer mais um equívoco. Devemos nos preocupar com os nossos erros e defeitos, deixando de prestar atenção nos erros e defeitos dos outros (que são de responsabilidade unicamente deles). Elucidar os defeitos alheios não é caridade.



 Precisamos diariamente nos questionar acerca de nossos pensamentos, de nossos hábitos e de nossas atitudes. Precisamos estar sempre atentos aos nossos defeitos e atuando ativamente para corrigi-los.

 Não se muda do dia para a noite. O importante é não estar parado.


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