Somos prisioneiros de nós mesmos


Sempre que passamos por uma situação difícil ou traumática, vamos memorizando aquele problema e criando mecanismos de defesa.

Por exemplo, uma criança que tem problemas de dicção e sofre deboches de seus colegas, passará a falar cada vez menos, como forma de se proteger.

Se essa dificuldade não for tratada, pode ir se agravando. A criança que já não falava muito, passa a se isolar por se sentir diferente ou até mesmo por ser rejeitada pelo grupo. E com isso se densificam seus mecanismos de defesa.

Poderá crescer como um adulto que solitário, que evita ao máximo o contato social. Sua camada de proteção já está criada, e não deseja mudar isso, com medo de se ferir novamente.

E assim todos nós vamos criando a nossa carapaça: a cada trauma, a cada dificuldade, a cada desilusão. Em vez de enfrentarmos a situação penosa e superá-la, nos escondemos e construímos defesas em torno de nós.

Quem nunca ouviu um recém divorciado dizer: "jamais me casarei novamente!" ?

Quem nunca ouviu uma pessoa que acabou de sair de um emprego dizendo: "nunca mais trabalharei com isso!" ?

Só que não temos uma única dificuldade na vida. São várias. E não temos uma só vida, são várias. Imaginemos agora o volume da carapaça que construímos em torno de nós, numa tentativa de nos isolar dos "perigos" do mundo exterior.

Ela nos impede de tentarmos algo novo, pois se ousarmos, podemos nos ferir. A cada vez que pensamos em inovar, um arrepio gélido de medo nos percorre a espinha. O pavor e a ansiedade nos fazem voltar correndo para a zona de conforto.

Mas o maior problema dessa carapaça é que ela não só bloqueia as coisas ruins, como também as coisas boas. Todas as pessoas que querem nos estender a mão, oferecendo novas experiências, são bloqueadas. Todas as novas situações, as novas portas que se abrem e que poderiam nos dar uma nova perspectiva de vida, são bloquedas.

E assim, nos isolamos não somente das coisas ruins do mundo, mas também de tudo o que há de bom. Evitamos a dor, o sofrimento, a mágoa, a desilusão, mas também evitamos a aventura, a novidade, a oportunidade, a esperança, o amor e sobretudo: a evolução.

Talvez estejamos tão apegados a posição de vítima e a colocar nos outros (ou em Deus) a culpa por nossa vida ser ruim que não queremos perder isso.

Até quando nos esconderemos dentro de nossas proteções, olhando o melhor da vida passar e dizendo não?

Posso relacionar um caso que tem tudo a ver com o tema:

Eu tenho um amigo que passou por um casamento bem curto e traumático que resultou em divórcio. Mas ainda bem que ele se tornou espírita, trabalhou em si mesmo, e hoje está prestes a se casar com uma maravilhosa moça.

Se ele estivesse escondido dentro da sua carapaça, certamente teria perdido essa oportunidade que deu um novo rumo para a sua vida.

Somos prisioneiros, hospedados em uma prisão que nós mesmos criamos. Temos a chave em nossa mão. Até quando relutaremos em sair e viver a vida?

Como coisas boas poderão acontecer a mim se eu não vou ao encontro delas?

Como as oportunidades da vida me encontrarão se estou escondido?

Todos os dias podemos mudar a nossa vida. Basta querermos.

Fica a reflexão.

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