Email do leitor Luis, sobre o post "Caridade, perdão e humildade" - Parte 1

O leitor Luis Conforti iniciou conosco um debate sobre o post "Caridade, perdão e humildade" (clique aqui para ler). Segue abaixo, para que os leitores também possam aprender com esse debate.

- E-mail do Luis:

Referente ao seu texto 'Caridade, perdão e humildade', lhes envio este email pois o espaço para "comentários" é pequeno.

      Meus jovens amigos; parabéns pela iniciativa de um novo blog, com q tentam ensinar os demais.

      No entanto, a fé deve ser raciocinada, como bem aconselham os sensatos, para q não comamos “gato por lebre”; por isso, lhes apresentarei algumas considerações ou perguntas, para q, usando de um raciocínio profundo, não caiam nos mesmos erros de muitos q pensam q estão compreendendo aquilo de q nada estão compreendendo.  

      Primeiramente, percebam q, de modo nenhum, chegaremos a solucionar perfeitamente qualquer dúvida, problema ou questão, sem exceção de nenhum, se não mergulharmos até onde estão suas raízes, suas causas mais profundas, as causas reais que têm como efeito a questão q, hoje, queremos compreender. Nenhum julgamento ou compreensão correta nos virá se ficarmos na superfície do problema, como muitos fazem.

      Um exemplo: aquele homem é maldoso, violento, sempre embriagado, ofendendo os outros, um mau caráter; agora mesmo, acabou de ferir gravemente um companheiro; aqueles q o conhecem dirão: “mas ele é assim mesmo, sempre violento, agressivo, cheio de ódio, mau caráter; merece ser punido!” e, pronto!, o julgamento está feito! Mas esse é apenas um pseudo-julgamento, um julgamento falso ou injusto, pois q ninguém foi buscar conhecer as causas reais do porq ele é, hoje, assim.

      Ninguém, seja humano ou não humano, é violento, agressivo, perigoso, voltado para o mal, sem que alguma coisa o tenha feito ser assim. Do mesmo modo, ninguém é bondoso, pacífico, tranqüilo, voltado para o bem, se algo não o fez ser assim. Afinal, porq é q aquele homem se embriaga, é agressivo etc? Quem chegou a conhecer as verdadeiras causas de ele ser assim? Quem tem condições para fazer isso? Com certeza, vcs perceberão q ninguém tem condições! Talvez por isso, o Mestre tenha aconselhado: “não julgueis!”.

      Assim, indo ao texto apresentado pelo blog, pergunto: e qual será a causa de não sermos bons ao ponto de não perdoarmos aquele q nos fez, ou aos nossos, o mal? Qual é a causa de não termos amor no coração? De não sermos indulgentes, caridosos, generosos? De sermos viciosos, em vez de virtuosos? Se todos os males do mundo vêm do fato de sermos egoístas e orgulhosos, porq não somos solidários e humildes, para q nossa vida e a dos demais seja melhor?

      Mas, o orgulho, o egoísmo, nós mesmos decidimos, ou agimos de modo a tê-los em nós? Se o fato de sermos egoístas e orgulhosos nos impede de compreendermos as lições elevadas que poderão nos fazer melhores, mais felizes e, conseqüentemente, um mundo melhor, porq somos egoístas e orgulhosos?
      Porque, como o texto pergunta, somos tão hesitantes em dar a outra face? Porque nos é tão difícil perdoar o próximo? E o texto mesmo tem a resposta: "porq somos orgulhosos!".

      Percebam q nem o texto nem ninguém consegue dar uma resposta definitiva, inquestionável, do porq somos assim. As religiões e os religiosos, inclusive os seguidores da doutrina espírita, poderão ter a resposta a essas perguntas, mas, pelo q vemos em seus ensinamentos, não a aceitarão. 
      Usando argumentações do próprio texto: porq falhamos tantas vezes com o próximo e com a providência? Se a providência nos dá todos os meios necessários à nossa evolução, porq os neglicenciamos? E assim por diante...!

      Quem sabe nos dizer quais as reais causas de porq, afinal, somos assim, maldosos, hipócritas e não perdoamos aquele que nos prejudicou? Porq usamos dois pesos e duas medidas?
      Porq somos orgulhosos, se o orgulhoso Deus não perdoa mas, ao contrário, o faz passar por mais dificuldades, como diz o texto, até que seu orgulho seja domado? Nós mesmos inoculamos em nós mesmos o vírus de todas essas imperfeições? Porq têm de ser trazidos aos homens as lições q este blog está trazendo? Os homens mesmo, refletiram, pesaram as conseqüências terríveis que lhes virão se transgredirem as leis de Deus e, assim mesmo, depois, escolheram praticar o mal?

      Perceberam? Quais são as reais causas de sermos hoje o q somos, tão gigantescamente desiguais? E essa pergunta deve ser endereçada, com mais razão, àqueles q asseguram q, de início, somos todos iguais, pois porq nos tornamos gigantescamente desiguais, uns se encaminhando para o amor e a consequente felicidade, eqto outros vão para o mal, se enchem de monstruosas imperfeições e, em consequência, de infelicidade?


-  Resposta do blog:

Luis,

Fico muito feliz em receber teu e-mail, e mais ainda pelos questionamentos propostos.
Já de cara te peço autorização para publicá-lo no blog, e se posso colocar o teu nome nele.
O objetivo deste blog é justamente promover a reflexão. É levantar os tópicos para que os leitores se questionem sobre os assuntos propostos. E como este blog é feito de estudantes para estudantes, não temos a pretensão de estarmos certos em tudo.
Entretanto, é nossa obrigação passar informações corretas, para que os leitores não tenham compreensões equivocadas.
Quando recebi o teu e-mail, imediatamente fui reler o texto, e de cara encontrei um erro (que já corrigi):

"Deus não perdoa o orgulhoso, pelo contrário, o faz passar por mais dificuldades, até que seu orgulho seja domado e dobre os seus joelhos em sinal de humildade."
Infelizmente aqui eu quis transmitir uma idéia, mas escrevi da maneira errada. Deus com certeza perdoa, até porque se Deus ficasse ofendido não seria perfeito. Deus não cria expectativas, pois é onisciente, e portanto não pode se frustrar. Mas a idéia que se pretendia passar é a de que quando o espírito não aprende pelos meios sutis, é necessário passar por provas mais difíceis, na tentativa de assim ser tocado pelas lições que antes não compreendeu.
Quanto aos teus demais questionamentos, sabemos que todos somos criados simples e ignorantes, e que dependendo de nossas escolhas podemos seguir um caminho mais breve ou mais demorado até a perfeição.

114. Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram?
“São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra mais elevada.”

115. Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?
“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provasque Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam
submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados daperfeição e da prometida felicidade.”

a) - Segundo o que acabais de dizer, os Espíritos, em sua origem, seriam como as crianças, ignorantes e inexperientes, só adquirindo pouco a pouco os conhecimentos de que carecem com o percorrerem as diferentes fases da vida?
“Sim, a comparação é boa. A criança rebelde se conserva ignorante e imperfeita. Seu aproveitamento depende da sua maior ou menor docilidade. Mas, a vida do homem tem termo, ao passo que a dos Espíritos se prolonga ao infinito.”

Então, pela minha atual compreensão, se hoje somos egoístas ou orgulhosos, isso decorre do caminho que escolhemos em existências passadas e das experiências que passamos decorrentes dessas escolhas.

Certamente, ainda sem a maturidade suficiente para fazer boas escolhas, percorremos mais os caminhos tortuosos do que os corretos.
 
Mas se há um esquecimento quando encarnamos, é porque para isso há um propósito. É possível que as causas não sejam tão relevantes. Quem sabe seria mais produtivo focarmos nossos esforços nas soluções e não nos problemas?

Como tu provavelmente já tenhas aprendido, quanto mais nos esclarecemos, mais fácil torna-se compreender nossos erros passados. Então quem sabe procuremos agir de maneira correta, sem olhar para trás, e conforme progredirmos compreenderemos mais o passado?
Ninguém, em sã consciência, creio eu, opta por ser egoísta e orgulhoso. Só que quando estamos nessa posição, não percebemos que estamos agindo de maneira errada. O orgulhoso acredita estar certo, por isso as tentativas de lhe abrir os olhos são normalmente em vão, até que um dia ocorra uma situação em sua vida que o motive a rever seus conceitos. Mas até lá, seguirá iludido, se achando certo quando na verdade está equivocado.
Portanto, penso que ninguém escolha por si mesmo ser "mau". Com certeza há aqueles que se comprazem na maldade, mas ainda esses são ignorantes que não compreendem seus atos. Mas na maioria da população, acredito que exista mais erros por ignorância do que por escolha própria.
Mas enfim, isso tudo é o nosso ponto de vista, que pode estar equivocado. Aqui falamos do que compreendemos e de como compreendemos. Sabemos que o entendimento da Doutrina é proporcional à nossa evolução moral, e por isso podemos certamente errar ou não ter a compreensão exata.
A verdade certamente está na Doutrina, mas certamente não é nem em um ano e nem em dez que a compreenderemos por completo. Mas com certeza, degrau após degrau iremos todos progredindo, imbuídos do nosso objetivo de desta encarnação sairmos melhores do que quando aqui chegamos.
Exposto então o nosso ponto de vista com maior clareza, mais uma vez agradecemos a colaboração do irmão e pedimos que caso estejamos mesmo assim em erro, que por favor possa nos alertar e assim buscar aprendermos mais.
A Doutrina Espírita é a doutrina da razão, e é nosso dever questionar tudo sempre, submeter ao crivo da razão e do bom-senso, como já alertava Kardec. Felizes ficamos em receber tais questionamentos e estudarmos em grupo.
Luís, um grande abraço pra ti, e aguardamos tua resposta.
Obrigado por ajudar estes teus irmãos iniciantes, que tentam dividir o pouco que sabem com aqueles que buscam os mesmos caminhos. Só não podemos virar cegos guiando outros cegos, não é mesmo? Hehehehehehe!
Atenciosamente,

Raphael Trevisan e amigos.

Comentários

Posts mais visitados

O óbolo da viúva - a verdadeira caridade

Benefícios pagos com a ingratidão

10 coisas que aprendi com o Espiritismo

A felicidade que a prece proporciona

Convidar aos pobres e estropiados

Provas voluntárias e a verdadeira penitência

O perdão e a indulgência

Os tormentos voluntários

Pecado por pensamentos

Reflexão: O que realmente é importante?